A sustentabilidade está na moda. Nos dias de hoje é comum ouvirmos mencionar a expressão “sustentabilidade” ou “sustentável” associada aos mais diversos substantivos, produtos, serviços, estilos de vida, etc…
Queremos acreditar que isto é um indicador de que as consciências estão alerta para a necessidade de vivermos uma vida mais equilibrada e em respeito com ambiente e pessoas. Isso é certamente algo bastante positivo tendo em conta os desafios que o nosso planeta e a nossa sociedade têm vindo a enfrentar nas últimas décadas.
Contudo, já dizia a sabedoria dos nossos antepassados: Nem tudo o que reluz é ouro! E como tal temos assistido também ao uso indiscriminado e, muitas vezes, incorrecto do termo “sustentável”.
A mais frequente é a sua associação limitadora à dimensão ambiental e ecológica. Os produtos ou práticas verdes tem vindo nos últimos anos a ser substituídas por produtos ou práticas sustentáveis. Não que isto represente uma transformação nas mesmas, mas antes uma evolução da terminologia utilizada, para se adaptar esta nova corrente na qual a sustentabilidade parece estar na moda.
Pior do que isso é a utilização indevida e enganadora que é feito do termo para fazer greenwashing. Ou seja, levar os consumidores a pensar que determinada marca ou produto/serviço apresentam benefícios ambientais e sociais, quando na verdade isso é bastante questionável.
Sabemos que sustentabilidade é um conceito bastante complexo e abrangente. Como tal, o desafio para desenvolver produtos e serviços que verdadeiramente o sejam, desde a sua concepção ao seu descarte, é gigantesco. No entanto, isso não valida a tendência generalizada a que assistimos para tornar tudo “sustentável”!
Enquanto consumidores – de produtos, serviços, conteúdos… – é importante que estejamos conscientes dessa realidade e que saibamos filtrar as diferentes situações que chegam até nós.
Aqui ficam alguns sinais de alerta:
1 | Se vem do outro lado do mundo
Ultimamente é bastante frequente ver pessoas empenhadas em integrar soluções mais ecológicas e/ou saudáveis nas suas vidas. Muitas delas exóticas ou herdadas da cultura oriental. Sem dúvida que isso é um passo importante no caminho da sustentabilidade e é necessário começar por algum lado. Mas, fico com a sensação que no meio das modas, da publicidade e da desinformação, as pessoas acabam por esquecer alguns pontos essenciais.
Qualquer produto que venha do outro lado do mundo teve de percorrer milhares de quilómetros para chegar até nós, criando uma pegada ecológica bastante significativa. E isso, não é sustentável!
A agravar essa situação, temos vários exemplos de produtos que para satisfazerem as necessidades e as modas ocidentais, implicam a destruição de culturas agrícolas e ecossistemas e a escassez do produto junto às comunidades locais.
Por isso, dê sempre preferência ao local e sazonal.
2 | Se vem excessivamente “embrulhado”
Todos nós estamos conscientes do excesso de resíduos que geramos no nosso dia-a-dia (E o que dizer das ocasiões festivas?!). No entanto, continuamos a assistir a contra-sensos como, por exemplo, produtos biológicos no supermercado, altamente embalados em plástico.
Ora, se conseguimos comprar produtos de agricultura normal a granel, porque é que os biológicos estão a ser acondicionados em embalagens de plástico? Isso gera, consequentemente, mais gastos energéticos na sua produção e mais resíduos de difícil descarte.
3 | Se alimenta o consumismo
“Quanto mais tenho, mais sou!” é a ideia que tem vindo a ser criada na cultura ocidental. E é muito difícil fugir a ela. Mesmo que aumente o grau de consciência para os problemas ambientais e de sobre-exploração do nosso planeta.
E, por isso, vão surgindo alternativas mais “verdes” e “socialmente responsáveis”. Criando a ilusão de que a sustentabilidade pode ser compatível com os padrões de produção e consumo actuais. Padrões esses que perpetuam as desigualdades económicas e sociais existentes.
4 | Se fala, fala, mas não diz nada
Uma boa forma de identificar algo que não é realmente sustentável é quando apelam excessivamente a imagens tendenciosas e sugestivas, usam argumentos demasiado vagos e não fornecem prova daquilo que anunciam.
Afinal de contas, um bom marketing de produto, não o torna sustentável. Ingredientes de origem “100% natural, não significa que não sejam tóxicos ou poluentes – o arsénio, por exemplo, é de origem natural!!!…
5 | Se apresenta o menor de dois males
Ser natural, verde ou biológico não é necessariamente sustentável.Ser socialmente responsável também não.
Quando um bem apresenta vantagens em apenas uma das suas dimensões, em detrimento de outra não pode ser considerado sustentável. Imaginemos uma marca (de calçado desportivo, por exemplo) que até demonstra muitas preocupações ambientais, reduz totalmente os seus níveis de poluição e só utiliza matérias-primas verdes. Diria certamente que está no bom caminho, certo?
Mas se souber que a mesma continua a utilizar mão-de-obra infantil, explora os seus trabalhadores e continua a alimentar o ciclo de pobreza, dificilmente lhe chamará sustentável.
Da mesma forma, a empresa mais socialmente responsável do mundo, preocupada com o bem-estar dos seus trabalhadores e comunidade envolvente, mas que continua a gerar resíduos tóxicos, também não o é.
Desengane-se, praticar um estilo de vida mais sustentável, dá mais trabalho do que as campanhas de marketing verde nos fazem acreditar.
Envolve reflexão, informação e capacidade de tomar decisões que alteram radicalmente os nossos hábitos de vida. Há dias bons e dias maus… tal como há dias de sol e de chuva. Mas feito o balanço, significa adoptar uma vida mais consciente e livre.
Sustentável ou Não? Eis a Questão
A sustentabilidade está na moda. Nos dias de hoje é comum ouvirmos mencionar a expressão “sustentabilidade” ou “sustentável” associada aos mais diversos substantivos, produtos, serviços, estilos de vida, etc…
Queremos acreditar que isto é um indicador de que as consciências estão alerta para a necessidade de vivermos uma vida mais equilibrada e em respeito com ambiente e pessoas. Isso é certamente algo bastante positivo tendo em conta os desafios que o nosso planeta e a nossa sociedade têm vindo a enfrentar nas últimas décadas.
Contudo, já dizia a sabedoria dos nossos antepassados: Nem tudo o que reluz é ouro! E como tal temos assistido também ao uso indiscriminado e, muitas vezes, incorrecto do termo “sustentável”.
A mais frequente é a sua associação limitadora à dimensão ambiental e ecológica. Os produtos ou práticas verdes tem vindo nos últimos anos a ser substituídas por produtos ou práticas sustentáveis. Não que isto represente uma transformação nas mesmas, mas antes uma evolução da terminologia utilizada, para se adaptar esta nova corrente na qual a sustentabilidade parece estar na moda.
Pior do que isso é a utilização indevida e enganadora que é feito do termo para fazer greenwashing. Ou seja, levar os consumidores a pensar que determinada marca ou produto/serviço apresentam benefícios ambientais e sociais, quando na verdade isso é bastante questionável.
Sabemos que sustentabilidade é um conceito bastante complexo e abrangente. Como tal, o desafio para desenvolver produtos e serviços que verdadeiramente o sejam, desde a sua concepção ao seu descarte, é gigantesco. No entanto, isso não valida a tendência generalizada a que assistimos para tornar tudo “sustentável”!
Enquanto consumidores – de produtos, serviços, conteúdos… – é importante que estejamos conscientes dessa realidade e que saibamos filtrar as diferentes situações que chegam até nós.
Aqui ficam alguns sinais de alerta:
1 | Se vem do outro lado do mundo
Ultimamente é bastante frequente ver pessoas empenhadas em integrar soluções mais ecológicas e/ou saudáveis nas suas vidas. Muitas delas exóticas ou herdadas da cultura oriental. Sem dúvida que isso é um passo importante no caminho da sustentabilidade e é necessário começar por algum lado. Mas, fico com a sensação que no meio das modas, da publicidade e da desinformação, as pessoas acabam por esquecer alguns pontos essenciais.
Qualquer produto que venha do outro lado do mundo teve de percorrer milhares de quilómetros para chegar até nós, criando uma pegada ecológica bastante significativa. E isso, não é sustentável!
A agravar essa situação, temos vários exemplos de produtos que para satisfazerem as necessidades e as modas ocidentais, implicam a destruição de culturas agrícolas e ecossistemas e a escassez do produto junto às comunidades locais.
Por isso, dê sempre preferência ao local e sazonal.
2 | Se vem excessivamente “embrulhado”
Todos nós estamos conscientes do excesso de resíduos que geramos no nosso dia-a-dia (E o que dizer das ocasiões festivas?!). No entanto, continuamos a assistir a contra-sensos como, por exemplo, produtos biológicos no supermercado, altamente embalados em plástico.
Ora, se conseguimos comprar produtos de agricultura normal a granel, porque é que os biológicos estão a ser acondicionados em embalagens de plástico? Isso gera, consequentemente, mais gastos energéticos na sua produção e mais resíduos de difícil descarte.
3 | Se alimenta o consumismo
“Quanto mais tenho, mais sou!” é a ideia que tem vindo a ser criada na cultura ocidental. E é muito difícil fugir a ela. Mesmo que aumente o grau de consciência para os problemas ambientais e de sobre-exploração do nosso planeta.
E, por isso, vão surgindo alternativas mais “verdes” e “socialmente responsáveis”. Criando a ilusão de que a sustentabilidade pode ser compatível com os padrões de produção e consumo actuais. Padrões esses que perpetuam as desigualdades económicas e sociais existentes.
4 | Se fala, fala, mas não diz nada
Uma boa forma de identificar algo que não é realmente sustentável é quando apelam excessivamente a imagens tendenciosas e sugestivas, usam argumentos demasiado vagos e não fornecem prova daquilo que anunciam.
Afinal de contas, um bom marketing de produto, não o torna sustentável. Ingredientes de origem “100% natural, não significa que não sejam tóxicos ou poluentes – o arsénio, por exemplo, é de origem natural!!!…
5 | Se apresenta o menor de dois males
Ser natural, verde ou biológico não é necessariamente sustentável. Ser socialmente responsável também não.
Quando um bem apresenta vantagens em apenas uma das suas dimensões, em detrimento de outra não pode ser considerado sustentável. Imaginemos uma marca (de calçado desportivo, por exemplo) que até demonstra muitas preocupações ambientais, reduz totalmente os seus níveis de poluição e só utiliza matérias-primas verdes. Diria certamente que está no bom caminho, certo?
Mas se souber que a mesma continua a utilizar mão-de-obra infantil, explora os seus trabalhadores e continua a alimentar o ciclo de pobreza, dificilmente lhe chamará sustentável.
Da mesma forma, a empresa mais socialmente responsável do mundo, preocupada com o bem-estar dos seus trabalhadores e comunidade envolvente, mas que continua a gerar resíduos tóxicos, também não o é.
Desengane-se, praticar um estilo de vida mais sustentável, dá mais trabalho do que as campanhas de marketing verde nos fazem acreditar.
Envolve reflexão, informação e capacidade de tomar decisões que alteram radicalmente os nossos hábitos de vida. Há dias bons e dias maus… tal como há dias de sol e de chuva. Mas feito o balanço, significa adoptar uma vida mais consciente e livre.
Uma nova visão sobre si próprio.
ATENÇÃO
EQUILIBRIO
TRANSPARÊNCIA
Susana Machado
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