Quem de nós nunca caminhou pela praia, observando as pegadas que ficam na areia? Quem nunca ficou ligeiramente hipnotizado com a rapidez e simplicidade com que o mar, logo em seguida, apagou essas pegadas?
Acredito que toda a gente, alguma vez, já fez isso na sua vida. Aquilo que, talvez, uma boa parte de nós ainda não fez, foi questionar-se sobre o que acontece àquelas pegadas que deixamos no mundo…
Desenganem-se aqueles que acreditam que não deixam qualquer pegada. Na verdade, estas podem ser variadas e, cada vez mais, se multiplicam: pegada social, pegada digital e pegada ecológica.
É desta última que vos quero falar.
A Pegada Ecológicaé uma ferramenta de contabilidade de recursos naturais consumidos por um indivíduo, uma região ou pela humanidade. Mede a quantidade de terra e água biologicamente produtivas, necessárias para produzir os recursos consumidos e absorver os resíduos gerados. Tendo sempre em consideração, claro, a tecnologia e gestão de recursos predominantes (Wackernagel e Rees 1996).
Há várias décadas que estamos a usar mais recursos do que a Terra tem capacidade de regenerar, em tempo útil. Isto significa que estamos a falhar um dos princípios fundamentais do Desenvolvimento Sustentável: o de responsabilidade com as gerações futuras. Estamos a consumir mais recursos do que aqueles a que teríamos direito, hipotecando a sua disponibilidade a curto, médio e longo prazo.
Lembram-se que esta situação já tinha sido prevista, por Malthus, no séc.XVIII?! Então porque continuamos a insistir num modelo de desenvolvimento que tem os dias contados? Porque é que esta situação se agravou particularmente nas últimas décadas e continua a degradar-se cada vez mais?
Poderíamos ser levados a pensar que este facto está relacionado com a explosão demográfica que se verificou sensivelmente na mesma altura. Afinal, era precisamente esta relação entre o aumento populacional e a escassez de recursos que o demógrafo denunciava, já naquela altura.
Mas é precisamente aqui que somos obrigados a parar e a reflectir sobre a insustentabilidade dos modos de vida que as sociedades ocidentais têm vindo a cultivar e a alimentar.
Em termos mundiais, as maiores pegadas ecológicas per capitasão registadas precisamente nos continentes mais desenvolvidos.
A América do Norte, a Oceania e a Europa,
apresentam uma pegada ecológica até 7x maior
do que o continente Africano.
Este, por sua vez, sendo um dos mais povoados, tem a menor pegada mundial. Dá o que pensar…
Para percebermos como funcionam os cálculos da pegada ecológica e sabermos como inverter a nossa, interessa saber que componentes são utilizadas na medição.
Para determinar a Pegada Ecológica são medidos 5 elementos:
1 | Área de energia fóssil (a área que deveríamos reservar para a absorção do CO2 que é libertado em excesso).
2 | Terra arável (a área de terreno agrícola necessária para suprir as necessidades alimentícias da população).
3 | Pastagens (a área necessária para criar o gado em condições minimamente “razoáveis”).
4 | Floresta (a área de floresta necessária para fornecer madeira e seus derivados e outros produtos não lenhosos).
5 | Área urbanizada (a área necessária para a construção de edifícios).
Talvez, agora, as coisas estejam um pouco mais claras, não?
São os países mais desenvolvidos que, devido ao estilo de vida que mantêm, são mais exigentes nestes recursos.
Deslocações, consumos energéticos, consumo de carne, tamanho da habitação são apenas alguns exemplos de indicadores que são medidos por esta ou esta calculadora.
Faça o teste e comprove. Se nunca mediu a sua pegada ecológica, tenho a certeza que ficará surpreendido com o impacto que a sua existência tem no nosso planeta… Infelizmente, não da melhor forma.
Se a redução da sua Pegada Ecológica é uma das suas preocupações, aqui ficam algumas sugestões:
1 | Reduza os seus consumos energéticos
Seja evitando desperdícios energéticos, como os do stand-by, melhorando o isolamento térmico da sua casa ou a eficiência energética dos aparelhos que compra. As possibilidades são imensas.
2 | Reutilize águas
A água de lavar os legumes pode ser reutilizada para rega ou limpezas, por exemplo. Se não resiste a um bom banho de imersão, de vez em quando, pondere a possibilidade de reutilizar pelo menos parte da água para o autoclismo. Se tem um terreno ou jardim, porque não captar as águas da chuva para a rega? Uma vez mais, é só escolher entre as imensas alternativas que existem para poupar água.
3 | Reflicta sobre a alimentação que faz
Consome mais vegetais ou carne? Compra localmente ou recorre sobretudo a grandes cadeias de distribuição? Para além de diminuir o impacto na natureza, estas pequenas opções podem contribuir para a resiliência das economias locais/regionais.
4 | Altere os seus hábitos de deslocação
Se não consegue fugir ao uso de veículos motorizados, pondere as alternativas, que podem ir desde a utilização de transportes públicos à aquisição de um automóvel eléctrico. Informe-se sobre o sistema de carpooling. Para longas distâncias prefira comboio ao avião.
5 | Seja solidário
Lembre-se que a sua pegada no mundo não atinge apenas o planeta, mas também as pessoas, sobretudo aquelas que vivem em regiões mais desfavorecidas.
Existem muitas outras pequenas e grandes alterações que pode começar a implementar no seu estilo de vida hoje mesmo. Escolha aquelas que lhe forem confortáveis, abdique daquilo que não lhe faz diferença. E acredite que, por muito pouco que lhe pareça, poderá mudar completamente o rumo das nossas vidas.
5 Formas de Reduzir a nossa Pegada no Mundo
Quem de nós nunca caminhou pela praia, observando as pegadas que ficam na areia? Quem nunca ficou ligeiramente hipnotizado com a rapidez e simplicidade com que o mar, logo em seguida, apagou essas pegadas?
Acredito que toda a gente, alguma vez, já fez isso na sua vida. Aquilo que, talvez, uma boa parte de nós ainda não fez, foi questionar-se sobre o que acontece àquelas pegadas que deixamos no mundo…
Desenganem-se aqueles que acreditam que não deixam qualquer pegada. Na verdade, estas podem ser variadas e, cada vez mais, se multiplicam: pegada social, pegada digital e pegada ecológica.
É desta última que vos quero falar.
A Pegada Ecológica é uma ferramenta de contabilidade de recursos naturais consumidos por um indivíduo, uma região ou pela humanidade. Mede a quantidade de terra e água biologicamente produtivas, necessárias para produzir os recursos consumidos e absorver os resíduos gerados. Tendo sempre em consideração, claro, a tecnologia e gestão de recursos predominantes (Wackernagel e Rees 1996).
Há várias décadas que estamos a usar mais recursos do que a Terra tem capacidade de regenerar, em tempo útil. Isto significa que estamos a falhar um dos princípios fundamentais do Desenvolvimento Sustentável: o de responsabilidade com as gerações futuras. Estamos a consumir mais recursos do que aqueles a que teríamos direito, hipotecando a sua disponibilidade a curto, médio e longo prazo.
Lembram-se que esta situação já tinha sido prevista, por Malthus, no séc.XVIII?! Então porque continuamos a insistir num modelo de desenvolvimento que tem os dias contados? Porque é que esta situação se agravou particularmente nas últimas décadas e continua a degradar-se cada vez mais?
Poderíamos ser levados a pensar que este facto está relacionado com a explosão demográfica que se verificou sensivelmente na mesma altura. Afinal, era precisamente esta relação entre o aumento populacional e a escassez de recursos que o demógrafo denunciava, já naquela altura.
Mas é precisamente aqui que somos obrigados a parar e a reflectir sobre a insustentabilidade dos modos de vida que as sociedades ocidentais têm vindo a cultivar e a alimentar.
Em termos mundiais, as maiores pegadas ecológicas per capita são registadas precisamente nos continentes mais desenvolvidos.
A América do Norte, a Oceania e a Europa,
apresentam uma pegada ecológica até 7x maior
do que o continente Africano.
Este, por sua vez, sendo um dos mais povoados, tem a menor pegada mundial. Dá o que pensar…
Para percebermos como funcionam os cálculos da pegada ecológica e sabermos como inverter a nossa, interessa saber que componentes são utilizadas na medição.
Para determinar a Pegada Ecológica são medidos 5 elementos:
1 | Área de energia fóssil (a área que deveríamos reservar para a absorção do CO2 que é libertado em excesso).
2 | Terra arável (a área de terreno agrícola necessária para suprir as necessidades alimentícias da população).
3 | Pastagens (a área necessária para criar o gado em condições minimamente “razoáveis”).
4 | Floresta (a área de floresta necessária para fornecer madeira e seus derivados e outros produtos não lenhosos).
5 | Área urbanizada (a área necessária para a construção de edifícios).
Talvez, agora, as coisas estejam um pouco mais claras, não?
São os países mais desenvolvidos que, devido ao estilo de vida que mantêm, são mais exigentes nestes recursos.
Deslocações, consumos energéticos, consumo de carne, tamanho da habitação são apenas alguns exemplos de indicadores que são medidos por esta ou esta calculadora.
Só em Portugal, a pegada ecológica aumentou 73% entre 1961 e 2003!
Faça o teste e comprove. Se nunca mediu a sua pegada ecológica, tenho a certeza que ficará surpreendido com o impacto que a sua existência tem no nosso planeta… Infelizmente, não da melhor forma.
Se a redução da sua Pegada Ecológica é uma das suas preocupações, aqui ficam algumas sugestões:
1 | Reduza os seus consumos energéticos
Seja evitando desperdícios energéticos, como os do stand-by, melhorando o isolamento térmico da sua casa ou a eficiência energética dos aparelhos que compra. As possibilidades são imensas.
2 | Reutilize águas
A água de lavar os legumes pode ser reutilizada para rega ou limpezas, por exemplo. Se não resiste a um bom banho de imersão, de vez em quando, pondere a possibilidade de reutilizar pelo menos parte da água para o autoclismo. Se tem um terreno ou jardim, porque não captar as águas da chuva para a rega? Uma vez mais, é só escolher entre as imensas alternativas que existem para poupar água.
3 | Reflicta sobre a alimentação que faz
Consome mais vegetais ou carne? Compra localmente ou recorre sobretudo a grandes cadeias de distribuição? Para além de diminuir o impacto na natureza, estas pequenas opções podem contribuir para a resiliência das economias locais/regionais.
4 | Altere os seus hábitos de deslocação
Se não consegue fugir ao uso de veículos motorizados, pondere as alternativas, que podem ir desde a utilização de transportes públicos à aquisição de um automóvel eléctrico. Informe-se sobre o sistema de carpooling. Para longas distâncias prefira comboio ao avião.
5 | Seja solidário
Lembre-se que a sua pegada no mundo não atinge apenas o planeta, mas também as pessoas, sobretudo aquelas que vivem em regiões mais desfavorecidas.
Existem muitas outras pequenas e grandes alterações que pode começar a implementar no seu estilo de vida hoje mesmo. Escolha aquelas que lhe forem confortáveis, abdique daquilo que não lhe faz diferença. E acredite que, por muito pouco que lhe pareça, poderá mudar completamente o rumo das nossas vidas.
CONSCIÊNCIA
ATITUDE
Susana Machado
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