É algo que muitas pessoas assumem, mas que não é inteiramente verdade. Mindfulness significa “atenção plena” e pode ser muito mais do que apenas meditação – assim como existem muitos outros tipos de meditação para além do mindfulness, mas esse assunto fica para outra altura.
Duas alegações que ouço muitas pessoas usarem para justificarem o facto de não meditarem são “não consigo parar de pensar” ou “não consigo estar quieta/o”.
Para contra-argumentarmos a primeira destas alegações, podemos sempre dizer, e com toda a razão, que nem todos os tipos de meditação têm como objectivo fazer com que a nossa mente pare de pensar. Por exemplo, no mindfulness, o objectivo é focarmos a nossa atenção em algo (na nossa respiração, no nosso corpo, num som, etc.) e voltar a trazer a atenção para esse algo sempre que a nossa mente se desviar.
Por outro lado, sempre que alguém usar a segunda das alegações anteriores, podemos sugerir uma forma de ser mindfulness que não exija “estar quieto” e que possa ser aplicada em qualquer altura e, em alguns casos, em poucos minutos.
Por isso, deixo a minha sugestão de 5 formas de ser mindful sem meditar.
1 | Sair para Fazer uma Caminhada
A maior parte das pessoas associa a meditação à posição sentada mas, na verdade, os ensinamentos tradicionais budistas identificam quatro posturas de meditação: sentada, deitada, em pé ou a caminhar. Todas elas são válidas para cultivar uma mente calma e atenta ao momento presente.
É ainda muito comum, nos retiros de mindfulness, realizarem-se caminhadas meditativas, ou caminhadas em atenção plena.
Para além de ser um excelente exercício físico, ainda que de baixa intensidade, caminhar permite-nos mudar de ambiente, deixar para trás o trabalho, a casa e as tarefas a ela associadas e, em querendo, até mesmo as preocupações.
Idealmente, deixamos também o smartphone para trás – ou colocamo-lo em modo de voo – e estamos apenas connosco e com os nossos pensamentos. Muitas vezes, boas ideias surgem nestes momentos. Se isso acontecer, não se esqueça de tomar nota assim que chegar a casa, ou a probabilidade de a esquecer será elevada.
2 | Comer com Atenção Plena
Já é comum em nós o hábito de comer enquanto vemos televisão, um episódio de uma série ou um vídeo no Youtube. A consequência é que não prestamos qualquer atenção à comida que estamos a ingerir.
Muitas vezes, acabamos por comer em excesso ou então, mesmo que isso não aconteça, chegamos ao fim da refeição sem sentirmos aquela satisfação associada ao final da refeição, pois não estivemos atentos às sensações proporcionadas pela comida.
Quando foi a última vez que fez uma refeição sozinho e sem qualquer distracção? Em que a única coisa que estava a fazer era o acto de comer?
Quantas vezes fazemos aquele prato de que gostamos tanto, damos atenção à primeira garfada, dizemos que está muito bom, sim senhora, e daí para a frente nem reparamos naquilo que estamos a ingerir e nas sensações que tiramos daqueles alimentos?
E que tal hoje jantar com atenção plena na comida que está a degustar? Se for um jantar em família, então pode ser com atenção dividida entre a comida e os seus familiares, mas só, está bem?
3 | Praticar uma Actividade que exija Atenção
Os livros de colorir poderão ser os primeiros de que se lembra quando falo destas actividades. Colorir mandalastem sido um dos passatempos em maior crescendo dos últimos tempos, fazendo-nos voltar à infância e ter alguns momentos de relaxamento.
Mas há outras actividades que podem servir o mesmo propósito. Para mim, fazer um puzzle exige toda a minha concentração, logo é uma actividade de atenção plena (=mindful!).
Outra ideia pode ser praticar a sua técnica de desenho. Que tal repetir o velho exercício das aulas de Educação Visual, escolher uma folha de uma qualquer planta que tenha em casa, e tentar representá-la em desenho (mas desta vez porque quer, e não porque o professor mandou)?
Trabalhar barro ou até mesmo plasticina, se tiver filhos, permite-lhe estar concentrado em algo por uns momentos, para além de trabalhar a destreza de mãos.
Outra actividade para mim equivalente a mindfulness, precisamente por exigir atenção plena e me levar para outro mundo, é ler ficção. Há quanto tempo não lê um livro que o deixe completamente embrenhado na história?
4 | Fazer o Exercício dos Cinco Sentidos
Este é um exercício de mindfulness que, como o próprio nome indica, o obrigará a usar os cinco sentidos, com atenção plena, claro!
Para realizar este exercício tome note, mesmo que seja mentalmente, de:
5 coisas que vê neste momento: olhe à sua volta e registe cinco das coisas que consegue observar e nas quais ainda não tinha reparado. Por exemplo, um padrão numa parede ou no chão, a luz a reflectir numa superfície, um objecto de decoração.
4 coisas que consegue sentir: pode ser o toque da sola dos seus pés no chão, o bater dos seus dedos no teclado, ou a sensação da sua roupa no seu corpo. Se precisar de mais alguma, pegue num objecto e sinta o seu peso, a sua textura, a sua temperatura.
3 coisas que consegue ouvir: um carro a passar na rua ou as teclas do computador. Há música? Há alguém a falar? Algum outro som ou barulho?
2 coisas que consegue cheirar: tem alguma vela perfumada a arder? Há flores na divisão onde está? Tem uma chávena de café ao seu lado? Ou estará mesmo a preparar a próxima refeição? O que consegue cheirar neste momento?
1 coisa que consegue saborear: leve algo à boca e sinta o seu sabor. Eu sugeria um pedaço de chocolate, mas também pode ser um pedaço de pão, uma pastilha elástica, um gole do tal café ou apenas um pouco de água. A que sabe o que acabou de levar à boca?
5 | Fazer um Mini-Exercício de Mindfulness
Há vários exercícios simples que pode fazer em apenas uns minutos para praticar atenção plena.
Repare no que está a pensar no momento e tome nota.
Pare um minuto apenas para respirar fundo (faça, por exemplo, seis ciclos de respiração).
Olhe para o centro desta imagem durante um minuto e meio.
Feche os olhos e imagine-se a atingir um objectivo importante para si, durante 2 minutos.
Pegue num objecto e observe-o com atenção.
Se está sentado a trabalhar há várias horas, levante-se, estique as pernas e vá à rua espreitar o azul do céu (aproveite para respirar fundo).
Como pode ver, bastam apenas alguns minutos para cultivar a atenção plena e não é absolutamente necessário sentar-se na posição de lótus e meditar. Aplique algumas destas sugestões nos próximos dias e garanto que sentirá a sua mente a ficar mais calma.
5 Formas de Ser Mindful Sem Meditação
Mindfulness é meditação. Certo?
É algo que muitas pessoas assumem, mas que não é inteiramente verdade. Mindfulness significa “atenção plena” e pode ser muito mais do que apenas meditação – assim como existem muitos outros tipos de meditação para além do mindfulness, mas esse assunto fica para outra altura.
Duas alegações que ouço muitas pessoas usarem para justificarem o facto de não meditarem são “não consigo parar de pensar” ou “não consigo estar quieta/o”.
Para contra-argumentarmos a primeira destas alegações, podemos sempre dizer, e com toda a razão, que nem todos os tipos de meditação têm como objectivo fazer com que a nossa mente pare de pensar. Por exemplo, no mindfulness, o objectivo é focarmos a nossa atenção em algo (na nossa respiração, no nosso corpo, num som, etc.) e voltar a trazer a atenção para esse algo sempre que a nossa mente se desviar.
Por outro lado, sempre que alguém usar a segunda das alegações anteriores, podemos sugerir uma forma de ser mindfulness que não exija “estar quieto” e que possa ser aplicada em qualquer altura e, em alguns casos, em poucos minutos.
Por isso, deixo a minha sugestão de 5 formas de ser mindful sem meditar.
1 | Sair para Fazer uma Caminhada
A maior parte das pessoas associa a meditação à posição sentada mas, na verdade, os ensinamentos tradicionais budistas identificam quatro posturas de meditação: sentada, deitada, em pé ou a caminhar. Todas elas são válidas para cultivar uma mente calma e atenta ao momento presente.
É ainda muito comum, nos retiros de mindfulness, realizarem-se caminhadas meditativas, ou caminhadas em atenção plena.
Para além de ser um excelente exercício físico, ainda que de baixa intensidade, caminhar permite-nos mudar de ambiente, deixar para trás o trabalho, a casa e as tarefas a ela associadas e, em querendo, até mesmo as preocupações.
Idealmente, deixamos também o smartphone para trás – ou colocamo-lo em modo de voo – e estamos apenas connosco e com os nossos pensamentos. Muitas vezes, boas ideias surgem nestes momentos. Se isso acontecer, não se esqueça de tomar nota assim que chegar a casa, ou a probabilidade de a esquecer será elevada.
2 | Comer com Atenção Plena
Já é comum em nós o hábito de comer enquanto vemos televisão, um episódio de uma série ou um vídeo no Youtube. A consequência é que não prestamos qualquer atenção à comida que estamos a ingerir.
Muitas vezes, acabamos por comer em excesso ou então, mesmo que isso não aconteça, chegamos ao fim da refeição sem sentirmos aquela satisfação associada ao final da refeição, pois não estivemos atentos às sensações proporcionadas pela comida.
Quando foi a última vez que fez uma refeição sozinho e sem qualquer distracção? Em que a única coisa que estava a fazer era o acto de comer?
Quantas vezes fazemos aquele prato de que gostamos tanto, damos atenção à primeira garfada, dizemos que está muito bom, sim senhora, e daí para a frente nem reparamos naquilo que estamos a ingerir e nas sensações que tiramos daqueles alimentos?
E que tal hoje jantar com atenção plena na comida que está a degustar? Se for um jantar em família, então pode ser com atenção dividida entre a comida e os seus familiares, mas só, está bem?
3 | Praticar uma Actividade que exija Atenção
Os livros de colorir poderão ser os primeiros de que se lembra quando falo destas actividades. Colorir mandalas tem sido um dos passatempos em maior crescendo dos últimos tempos, fazendo-nos voltar à infância e ter alguns momentos de relaxamento.
Mas há outras actividades que podem servir o mesmo propósito. Para mim, fazer um puzzle exige toda a minha concentração, logo é uma actividade de atenção plena (=mindful!).
Outra ideia pode ser praticar a sua técnica de desenho. Que tal repetir o velho exercício das aulas de Educação Visual, escolher uma folha de uma qualquer planta que tenha em casa, e tentar representá-la em desenho (mas desta vez porque quer, e não porque o professor mandou)?
Trabalhar barro ou até mesmo plasticina, se tiver filhos, permite-lhe estar concentrado em algo por uns momentos, para além de trabalhar a destreza de mãos.
Outra actividade para mim equivalente a mindfulness, precisamente por exigir atenção plena e me levar para outro mundo, é ler ficção. Há quanto tempo não lê um livro que o deixe completamente embrenhado na história?
4 | Fazer o Exercício dos Cinco Sentidos
Este é um exercício de mindfulness que, como o próprio nome indica, o obrigará a usar os cinco sentidos, com atenção plena, claro!
Para realizar este exercício tome note, mesmo que seja mentalmente, de:
5 | Fazer um Mini-Exercício de Mindfulness
Há vários exercícios simples que pode fazer em apenas uns minutos para praticar atenção plena.
Como pode ver, bastam apenas alguns minutos para cultivar a atenção plena e não é absolutamente necessário sentar-se na posição de lótus e meditar. Aplique algumas destas sugestões nos próximos dias e garanto que sentirá a sua mente a ficar mais calma.
ATENÇÃO
CONSCIÊNCIA
Filipa Maia
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