Vá vamos despachar este artigo rapidinho para poderem voltar às coisas importantes que estavam a fazer (ou para o Netflix… cof cof).
Olá, estão bem? Espero que sim.
Fui apanhado em plena viagem por este caos e tive que tomar uma série de decisões que me levaram do Afeganistão (sim, esse Afeganistão) aestar em quarentena na Colômbia. Eu sei, é estranho!
Vamos do plano inicial, ao plano possível, descrevendo o antes, o durante e depois da quarentena. Mantém o Netflix em pausa e segura firme!
O plano inicial era aproveitar a janela de oportunidade de visitar um Afeganistão relativamente pacificado. Falava-se em bonança antes da tempestade.
Por um lado, o acordo de paz entre Taliban e os Estados Unidos da América pacificava as coisas enquanto era negociado, mas por outro especulava-se sobre a retirada de tropas dos Estados Unidos, o que significaria uma considerável deterioração das condições de segurança.
No entanto, a ideia de visitar este país
assalta-me o pensamento desde a adolescência
e resolvi arriscar.
De lá ia para a Arábia Saudita já que recentemente tinham aberto o país ao turismo. Já tinha voo, visto e seguro.
Da Arábia Saudita ia para o Chile onde tenho uma mota linda à minha espera que me levará a fazer um percurso na América do Sul, semelhante ao de Che Guevara, sim aquela viagem dos “Diários de Che Guevara” (vê o filme ou lê o livro, valem a pena).
A viagem terminaria na Colômbia onde eu teria que tomar a decisão de vender a mota ou pô-la num cargueiro de volta a Portugal.
A parte do Afeganistão cumpriu-se e bem. Uma grande viagem. Mas…
Já estamos no final de Fevereiro e já havia vários países a impor restrições aéreas.
E foi assim que soube que a Arábia Saudita resolveu fechar as fronteiras aos novos vistos de turismo.
OK, mudança de planos! Não há stress, volto em Janeiro para ver o Dakar, nos meus anos.
Resolvi então viajar, o quanto antes,
para o continente americano.
Por essa altura a situação na União Europeia começava a ficar descontrolada pelo que resolvi apanhar um voo bastante barato com a AZAL (companhia aérea de bandeira do Azerbaijão) via Baku.
Assim foi, com o tempo extra que tinha por não ter ido à Arábia Saudita decidi meter-me uns dias nas Caraíbas, escolhendo países que ainda não tinha visitado e que não tivessem casos de COVID.
Andei por Trinidad e Tobago, Grenada e São Vicente e Grenadinas.
Neste último país o meu AirBnb rejeitou-me à última hora por ser estrangeiro. Depois de dizer muitas asneiras – que não posso reproduzir aqui (embora gostasse) – vi que o compreensível medo começava a instalar-se, até nas Caraíbas.
Resultado, tive que dormir 2 noites no aeroporto porque o alojamento, para além desse AirBnb, era caríssimo! OK, tenho que sair das Caraíbas e ir para a América do Sul, rapidamente.
Voei para Miami, bom hub para as Caraíbas e América do Sul. Isto é que é viver o dia-a-dia, pá!
Chego a Miami às 20h00
e sou interrogado pela polícia…
Já é costume por causa das minhas viagens e tal. Costuma demorar 30 minutos mas desta demorou 6 horas (!) com direito a interrogatório por um agente da CIA e tudo (e não podia dizer asneiras).
Eles lá acreditaram que eu sou bom rapaz. Não foi espetacular!
OK, vamos avançar e o destino é América do Sul! Às 4h da manhã estou a ver voos para daqui a 2 horas. Voo para o Chile está caríssimo! Ui, esquece. Vamos primeiro para a Colômbia que está barato e depois descemos com low costs!
Cartagena é o destino escolhido porque: (1) voo estava barato, (2) a partida era daí a 3 horas e (3) uma amiga Colombiana tem uns amigos que são donos de um hostel.
Chego à porta de embarque já a ver os voos de Cartagena para Santiago do Chile. Sentados estão 2 grupos de pessoas bem definidos pela língua e sotaque – cidadãos dos Estados Unidos da América e da Colômbia (vá vamos evitar dizer americanos, ok?).
Começo a notar o pessoal de terra da companhia aérea bastante nervoso para trás e para a frente, mas lá começa o embarque.
A meio do mesmo, os empregados da companhia aérea fazem um anúncio público, cravado de ansiedade na voz.
Dizem eles que este será o último voo para a Colômbia
e que o país vai fechar as fronteiras no dia seguinte.
Instalou-se o caos durante 1 minuto e de repente tudo ficou calmo e claro, novamente. Ninguém dos Estados Unidos da América embarcou, e os que tinham embarcado voltaram para trás, e todos os Colombianos embarcaram. Mas e eu faço o quê?
A decisão foi de facto simples e demorou apenas um minuto a ser tomada. Resolvi seguir viagem para Cartagena de Índias.
Pensa comigo… Estás aí? Está aí alguém? Uau ainda aí estás!
Nesta altura já era fácil adivinhar que a situação “no país de Trump” ia ser longe de ideal.
Além disso, depois da declaração de pandemia
pela Organização Mundial de Saúde
o teu seguro de saúde deixava de te proteger.
Isto é, se o COVID me apanhava ficava sujeito aos custos milionários do sistema de saúde dos Estados Unidos. E, claro, a quarentena seria mais cara.
Chego a Cartagena de Índias ainda com esperança de apanhar um voo nos dias seguintes para o Chile e reunir-me com a minha mota e escapar-me para a Ilha de Chiloé. Só que não!
É professor universitário na University Technology Sydney onde ensina e investiga sobre inovação, empreendedorismo e estratégia, é um viajante irreparável, já esteve em mais de 130 países e quem o conhece sabe que não vai parar por aqui.
Aquele Momento em que a COVID-19 Fecha o Mundo e Tu Estás a Viajar…
Vá vamos despachar este artigo rapidinho para poderem voltar às coisas importantes que estavam a fazer (ou para o Netflix… cof cof).
Olá, estão bem? Espero que sim.
Fui apanhado em plena viagem por este caos e tive que tomar uma série de decisões que me levaram do Afeganistão (sim, esse Afeganistão) a estar em quarentena na Colômbia. Eu sei, é estranho!
Vamos do plano inicial, ao plano possível, descrevendo o antes, o durante e depois da quarentena. Mantém o Netflix em pausa e segura firme!
O plano inicial era aproveitar a janela de oportunidade de visitar um Afeganistão relativamente pacificado. Falava-se em bonança antes da tempestade.
Por um lado, o acordo de paz entre Taliban e os Estados Unidos da América pacificava as coisas enquanto era negociado, mas por outro especulava-se sobre a retirada de tropas dos Estados Unidos, o que significaria uma considerável deterioração das condições de segurança.
No entanto, a ideia de visitar este país
assalta-me o pensamento desde a adolescência
e resolvi arriscar.
De lá ia para a Arábia Saudita já que recentemente tinham aberto o país ao turismo. Já tinha voo, visto e seguro.
Da Arábia Saudita ia para o Chile onde tenho uma mota linda à minha espera que me levará a fazer um percurso na América do Sul, semelhante ao de Che Guevara, sim aquela viagem dos “Diários de Che Guevara” (vê o filme ou lê o livro, valem a pena).
A viagem terminaria na Colômbia onde eu teria que tomar a decisão de vender a mota ou pô-la num cargueiro de volta a Portugal.
A parte do Afeganistão cumpriu-se e bem. Uma grande viagem. Mas…
Já estamos no final de Fevereiro e já havia vários países a impor restrições aéreas.
Por essa altura, todos os dias visitava o site da IATA para ver onde podia e não podia entrar e quais os países que ainda não tinham casos.
E foi assim que soube que a Arábia Saudita resolveu fechar as fronteiras aos novos vistos de turismo.
OK, mudança de planos! Não há stress, volto em Janeiro para ver o Dakar, nos meus anos.
Resolvi então viajar, o quanto antes,
para o continente americano.
Por essa altura a situação na União Europeia começava a ficar descontrolada pelo que resolvi apanhar um voo bastante barato com a AZAL (companhia aérea de bandeira do Azerbaijão) via Baku.
Assim foi, com o tempo extra que tinha por não ter ido à Arábia Saudita decidi meter-me uns dias nas Caraíbas, escolhendo países que ainda não tinha visitado e que não tivessem casos de COVID.
Andei por Trinidad e Tobago, Grenada e São Vicente e Grenadinas.
Neste último país o meu AirBnb rejeitou-me à última hora por ser estrangeiro. Depois de dizer muitas asneiras – que não posso reproduzir aqui (embora gostasse) – vi que o compreensível medo começava a instalar-se, até nas Caraíbas.
Resultado, tive que dormir 2 noites no aeroporto porque o alojamento, para além desse AirBnb, era caríssimo! OK, tenho que sair das Caraíbas e ir para a América do Sul, rapidamente.
Voei para Miami, bom hub para as Caraíbas e América do Sul. Isto é que é viver o dia-a-dia, pá!
Chego a Miami às 20h00
e sou interrogado pela polícia…
Já é costume por causa das minhas viagens e tal. Costuma demorar 30 minutos mas desta demorou 6 horas (!) com direito a interrogatório por um agente da CIA e tudo (e não podia dizer asneiras).
Eles lá acreditaram que eu sou bom rapaz. Não foi espetacular!
OK, vamos avançar e o destino é América do Sul! Às 4h da manhã estou a ver voos para daqui a 2 horas. Voo para o Chile está caríssimo! Ui, esquece. Vamos primeiro para a Colômbia que está barato e depois descemos com low costs!
Cartagena é o destino escolhido porque: (1) voo estava barato, (2) a partida era daí a 3 horas e (3) uma amiga Colombiana tem uns amigos que são donos de um hostel.
Chego à porta de embarque já a ver os voos de Cartagena para Santiago do Chile. Sentados estão 2 grupos de pessoas bem definidos pela língua e sotaque – cidadãos dos Estados Unidos da América e da Colômbia (vá vamos evitar dizer americanos, ok?).
Começo a notar o pessoal de terra da companhia aérea bastante nervoso para trás e para a frente, mas lá começa o embarque.
A meio do mesmo, os empregados da companhia aérea fazem um anúncio público, cravado de ansiedade na voz.
Dizem eles que este será o último voo para a Colômbia
e que o país vai fechar as fronteiras no dia seguinte.
Instalou-se o caos durante 1 minuto e de repente tudo ficou calmo e claro, novamente. Ninguém dos Estados Unidos da América embarcou, e os que tinham embarcado voltaram para trás, e todos os Colombianos embarcaram. Mas e eu faço o quê?
A decisão foi de facto simples e demorou apenas um minuto a ser tomada. Resolvi seguir viagem para Cartagena de Índias.
Pensa comigo… Estás aí? Está aí alguém? Uau ainda aí estás!
Nesta altura já era fácil adivinhar que a situação “no país de Trump” ia ser longe de ideal.
Além disso, depois da declaração de pandemia
pela Organização Mundial de Saúde
o teu seguro de saúde deixava de te proteger.
Isto é, se o COVID me apanhava ficava sujeito aos custos milionários do sistema de saúde dos Estados Unidos. E, claro, a quarentena seria mais cara.
Chego a Cartagena de Índias ainda com esperança de apanhar um voo nos dias seguintes para o Chile e reunir-me com a minha mota e escapar-me para a Ilha de Chiloé. Só que não!
No dia seguinte toda a América do Sul fechou as portas! Começou a quarentena… E agora?
Não percam o próximo artigo, porque nós também não!
No Netflix eles também têm cliff hangers e tu não te importas.
INCERTEZA
DESTREZA
LOUCURA
Loïc Pedras
Related Posts
Hipotiroidismo | Como Reequilibrar as nossas Hormonas
Muitos dos desequilíbrios no nosso organismo são fruto do nosso estilo de vida. Por isso, é fundamental uma visão Slow Living e as escolhas certas.
15 re(v)oluções para o Ano Novo
Debaixo da asa do Ano Novo cabem, invariavelmente, grandes expectativas. O verdadeiro momento “Transformers” do ano!
Slow Living | Viver a Vida como uma Tartaruga
Devemos saber parar, ganhar tempo. Isto pode ajudar-nos a ter uma vida mais plena e vital, controlando o processo de envelhecimento.