Agora que o primeiro mês do ano já passou, o meu desafio e sugestão é a de repensarmos as resoluções de ano novo, bem como de optimizarmos a possibilidade de caminhar eficazmente rumo à sua concretização.
Primeiro que tudo, não lhe parece demasiado ambicioso pedirmos doze desejos à meia-noite de dia 1 de Janeiro?
Já para não falar da rapidez com que as doze badaladas acontecem – que não se compadece com o saborear efetivo das passas.
A ideia de que, ao pedirmos, os desejos já se encontram a caminho da realização, como se houvesse um processo mágico pelo qual estes se concretizam, está bastante afastada da realidade.
Porque é que tomamos resoluções na
iminência do começo de um novo ano?
Por ser uma fase de transição, em que um ano civil termina e outro se inicia, tendemos a fazer um balanço do que conquistámos, dos objectivos que tínhamos traçado e ficaram pelo caminho e a estabelecer novas metas, uma por cada mês do ano.
Será que é o ano que tem demasiados meses, ou o estabelecimento de um objectivo por cada um deles, que é demasiado ambicioso?
Quantas vezes é que demos por nós a não conseguir cumprir com as nossas “Resoluções de Ano Novo”?
Daqui podem resultar, amiúde, sentimentos de frustração, desilusão e desmotivação.
Mas será que este “insucesso” resulta de uma efectiva incapacidade nossa para cumprir as ditas resoluções?
No fundo, será que o “problema” da não concretização das resoluções de ano novo está em nós ou na definição dos objectivos em si?
As resoluções resultam de crenças que temos
acerca do que devemos fazer,
devemos ter ou devemos ser.
Logo, resultam de sonhos, porventura demasiado etéreos e abstratos pelo que, em primeira instância, os objectivos eleitos podem não ter sido os mais indicados ou pode nem lhes ter sido atribuída qualquer estratégia concreta de prossecução.
Para aumentar a probabilidade de sucesso dos objectivos estabelecidos para 2019 deixo algumas sugestões:
1 | Diminuir o número de “desejos”/”resoluções”
O que equivale a reduzir o número de passas, o que terá uma correspondência mais ajustada com a realidade.
Acresce que podemos sempre adicionar “resoluções” ao longo do ano, não sendo necessário esperar pela transição entre dia 31 de Dezembro e 1 de Janeiro.
Um número razoável será de dois ou três objectivos, definidos de forma específica e com metas estabelecidas a curto-prazo.
2 | Resultado final
Definir o que se deseja em termos de resultado final, imaginando que já se chegou “lá”, ou seja, que já se chegou ao destino desejado.
Este ponto decorre da importância da nossa capacidade para criar mudanças positivas através do poder da intenção.
3 | Avançarmos na direção certa
Considerar, diariamente, que estamos a percorrer o caminho rumo ao nosso sonho, fazendo qualquer coisa por isso, por mais pequeno ou insignificante que o gesto possa parecer – por mais babysteps que sejam, não deixam de ser passos rumo aos objectivos.
Se não tiver qualquer ideia da direcção em que se deve mover, mova-se na mesma!
Talvez se surpreenda com o poder da paciência e da perseverança e dê por si a mover-se na direção desejada.
4 | Objectivos reais
Escolher objectivos que correspondam a prioridades reais, no tempo presente, e com forte significado emocional. É fundamental iniciar o ano com um desejo forte de cumprir as resoluções definidas, caso contrário, a motivação acabará por se desvanecer.
Quanto maior for o valor atribuído ao objectivo, maior será a probabilidade de manter o foco no seu cumprimento e de não perder a motivação algures pelo caminho.
5 | Objectivos SMART
Considerar as Resoluções de Ano Novo como “Objetivos SMART”, um conceito oriundo da Gestão.
Definir objectivos de acordo com esta metodologia ajuda a inspirar as pessoas a lutar ativamente pela sua obtenção, orientando a acção para o que importa realmente fazer, sem desperdício de tempo e energia.
O acrónimo SMART, oriundo do inglês, significa que devemos estabelecer objetivos específicos, mensuráveis, atingíveis, realistas e definidos no tempo. Em concreto:
S – Específicos (Specific): Os objectivos devem ser formulados (operacionalizados) de forma específica e precisa.
M – Mensuráveis (Measurable): As resoluções devem ser definidas de forma a poderem ser medidas e analisadas.
A – Atingíveis (Attainable): A possibilidade de concretização dos objectivos deve estar presente, estes devem ser alcançáveis. Este aspecto remete para a necessidade de não estabelecer metas utópicas e irrealistas, desde logo, condenadas à partida.
R – Realistas (Realistic): Os objectivos não pretendem alcançar fins superiores aos que os meios permitem.
T – Temporizáveis (Time-bound): Os objectivos devem ser definidos em termos de duração (exemplo: quero conseguir fazer X daqui a três meses).
6 | Dizer sim aos objectivos, mas também às acções!
A cada objectivo deve ser associado um plano de acção, que seja colocado em prática sem “desculpas” nem adiamentos, começando por pequenas iniciativas, que se rejam pelos mesmos princípios SMART (a importância de dar passos todos os dias, conforme já referi).
7 | Mudar a perspetiva
Atender ao contexto e mudar a perspetiva sobre ele! Não é porque mudamos de ano que o contexto envolvente se altera. Contudo, nós e o nosso comportamento, bem como o modo como olhamos e habitamos esse contexto, podem mudar.
A mudança deve começar por se operar internamente, percorrendo um sentido “de dentro para fora”, considerando as variáveis contextuais e envolvendo a rede social de suporte.
8 | Considerar a hipótese de falhar!
Quem é que à meia-noite pensa que vai falhar na concretização dos seus objectivos? Pensamos no sucesso, o que é natural e, sem dúvida, construtivo.
Contudo, precisamos de investir na tolerância à frustração e auto-compaixão, aceitando que no caminho de prossecução de qualquer objectivo nos podemos vir a deparar com insucessos e falhas e que estes não nos definem, nem “condenam” o nosso caminho a um destino chamado fracasso.
Devemos evitar também sentimentos de culpa e de desilusão e fomentar a capacidade de aprender com os erros. Afinal, não existem caminhos directos e lineares do ponto em que nos encontramos rumo ao destino. Grandes mudanças exigem tempo, foco mental e trabalho diário.
Mais, muitas vezes podemos dar por nós a regressar a hábitos antigos antes de conseguirmos efectivamente adotar novos hábitos.
9 | Cuidarmos de nós
Ainda no que concerne aos aspetos intra-individuais, devemos investir no auto-cuidado – quanto melhor nos sentirmos connosco, física e mentalmente, mais preparados estaremos para nos envolver activamente na conquista dos nossos objectivos.
Neste âmbito, vale a pena lembrar que o auto-cuidado envolve cinco dimensões:
• Física – Compreende a prática de exercício físico, uma boa higiene de sono, cuidados com a alimentação, entre outros aspectos.
• Intelectual – Gosto pela aprendizagem e conhecimento.
• Social – Investimento no mundo relacional e estabelecimento de uma rede social de suporte de qualidade.
• Emocional – Passa por ter consciência das emoções e sentimentos, praticar a compaixão e estar apto a lidar com fatores de stress.
• Espiritual – Não necessariamente conotado com religiosidade, remete, antes, para o investimento em actividades que contenham um retorno espiritual, e que podem ser tão simples como ir ao teatro ou ao cinema.
10 | Mindfulness
Também a adopção de uma atitude e postura mais mindful no quotidiano poderá dar um forte contributo para o sucesso.
Em concreto, treinar a capacidade de auto-observação sem crítica e com aceitação, retirando aprendizagem do que se sente, pensa e faz, ao invés de adotar uma atitude critica e de julgamento rápido.
Deste modo, conseguiremos gerir melhor as emoções, aumentar o auto-conhecimento e, consequentemente, definir objectivos mais adequados e manter um maior foco nos mesmos.
11 | Praticar a gratidão
As investigações têm demonstrado que quem exercita diariamente a gratidão experiência mais emoções positivas e alcança mais objetivos pessoais.
Um exercício que pode ajudar a alimentar este sentido de gratidão é retirar um momento no final de cada dia e anotar motivos pelos quais nos sentimos gratosnesse dia. Pode ser tão simples como ter encontrado alguém que não víamos há algum tempo ou ter comido uma refeição de que se gosta.
A “Dieta das Passas” | Resoluções e Concretizações
Agora que o primeiro mês do ano já passou, o meu desafio e sugestão é a de repensarmos as resoluções de ano novo, bem como de optimizarmos a possibilidade de caminhar eficazmente rumo à sua concretização.
Primeiro que tudo, não lhe parece demasiado ambicioso pedirmos doze desejos à meia-noite de dia 1 de Janeiro?
Já para não falar da rapidez com que as doze badaladas acontecem – que não se compadece com o saborear efetivo das passas.
A ideia de que, ao pedirmos, os desejos já se encontram a caminho da realização, como se houvesse um processo mágico pelo qual estes se concretizam, está bastante afastada da realidade.
Porque é que tomamos resoluções na
iminência do começo de um novo ano?
Por ser uma fase de transição, em que um ano civil termina e outro se inicia, tendemos a fazer um balanço do que conquistámos, dos objectivos que tínhamos traçado e ficaram pelo caminho e a estabelecer novas metas, uma por cada mês do ano.
As resoluções ajudam a definir prioridades numa determinada fase da vida. Desde que sejam flexíveis e estejam definidas do modo mais adequado, podem ser úteis em processos de tomada de decisão e na organização do estilo de vida.
Será que é o ano que tem demasiados meses, ou o estabelecimento de um objectivo por cada um deles, que é demasiado ambicioso?
Quantas vezes é que demos por nós a não conseguir cumprir com as nossas “Resoluções de Ano Novo”?
Daqui podem resultar, amiúde, sentimentos de frustração, desilusão e desmotivação.
Mas será que este “insucesso” resulta de uma efectiva incapacidade nossa para cumprir as ditas resoluções?
No fundo, será que o “problema” da não concretização das resoluções de ano novo está em nós ou na definição dos objectivos em si?
As resoluções resultam de crenças que temos
acerca do que devemos fazer,
devemos ter ou devemos ser.
Logo, resultam de sonhos, porventura demasiado etéreos e abstratos pelo que, em primeira instância, os objectivos eleitos podem não ter sido os mais indicados ou pode nem lhes ter sido atribuída qualquer estratégia concreta de prossecução.
Para aumentar a probabilidade de sucesso dos objectivos estabelecidos para 2019 deixo algumas sugestões:
1 | Diminuir o número de “desejos”/”resoluções”
O que equivale a reduzir o número de passas, o que terá uma correspondência mais ajustada com a realidade.
Acresce que podemos sempre adicionar “resoluções” ao longo do ano, não sendo necessário esperar pela transição entre dia 31 de Dezembro e 1 de Janeiro.
Um número razoável será de dois ou três objectivos, definidos de forma específica e com metas estabelecidas a curto-prazo.
2 | Resultado final
Definir o que se deseja em termos de resultado final, imaginando que já se chegou “lá”, ou seja, que já se chegou ao destino desejado.
Este ponto decorre da importância da nossa capacidade para criar mudanças positivas através do poder da intenção.
3 | Avançarmos na direção certa
Considerar, diariamente, que estamos a percorrer o caminho rumo ao nosso sonho, fazendo qualquer coisa por isso, por mais pequeno ou insignificante que o gesto possa parecer – por mais babysteps que sejam, não deixam de ser passos rumo aos objectivos.
Se não tiver qualquer ideia da direcção em que se deve mover, mova-se na mesma!
Talvez se surpreenda com o poder da paciência e da perseverança e dê por si a mover-se na direção desejada.
4 | Objectivos reais
Escolher objectivos que correspondam a prioridades reais, no tempo presente, e com forte significado emocional. É fundamental iniciar o ano com um desejo forte de cumprir as resoluções definidas, caso contrário, a motivação acabará por se desvanecer.
Quanto maior for o valor atribuído ao objectivo, maior será a probabilidade de manter o foco no seu cumprimento e de não perder a motivação algures pelo caminho.
5 | Objectivos SMART
Considerar as Resoluções de Ano Novo como “Objetivos SMART”, um conceito oriundo da Gestão.
Definir objectivos de acordo com esta metodologia ajuda a inspirar as pessoas a lutar ativamente pela sua obtenção, orientando a acção para o que importa realmente fazer, sem desperdício de tempo e energia.
O acrónimo SMART, oriundo do inglês, significa que devemos estabelecer objetivos específicos, mensuráveis, atingíveis, realistas e definidos no tempo. Em concreto:
S – Específicos (Specific): Os objectivos devem ser formulados (operacionalizados) de forma específica e precisa.
M – Mensuráveis (Measurable): As resoluções devem ser definidas de forma a poderem ser medidas e analisadas.
A – Atingíveis (Attainable): A possibilidade de concretização dos objectivos deve estar presente, estes devem ser alcançáveis. Este aspecto remete para a necessidade de não estabelecer metas utópicas e irrealistas, desde logo, condenadas à partida.
R – Realistas (Realistic): Os objectivos não pretendem alcançar fins superiores aos que os meios permitem.
T – Temporizáveis (Time-bound): Os objectivos devem ser definidos em termos de duração (exemplo: quero conseguir fazer X daqui a três meses).
6 | Dizer sim aos objectivos, mas também às acções!
A cada objectivo deve ser associado um plano de acção, que seja colocado em prática sem “desculpas” nem adiamentos, começando por pequenas iniciativas, que se rejam pelos mesmos princípios SMART (a importância de dar passos todos os dias, conforme já referi).
7 | Mudar a perspetiva
Atender ao contexto e mudar a perspetiva sobre ele! Não é porque mudamos de ano que o contexto envolvente se altera. Contudo, nós e o nosso comportamento, bem como o modo como olhamos e habitamos esse contexto, podem mudar.
A mudança deve começar por se operar internamente, percorrendo um sentido “de dentro para fora”, considerando as variáveis contextuais e envolvendo a rede social de suporte.
8 | Considerar a hipótese de falhar!
Quem é que à meia-noite pensa que vai falhar na concretização dos seus objectivos? Pensamos no sucesso, o que é natural e, sem dúvida, construtivo.
Contudo, precisamos de investir na tolerância à frustração e auto-compaixão, aceitando que no caminho de prossecução de qualquer objectivo nos podemos vir a deparar com insucessos e falhas e que estes não nos definem, nem “condenam” o nosso caminho a um destino chamado fracasso.
Devemos evitar também sentimentos de culpa e de desilusão e fomentar a capacidade de aprender com os erros. Afinal, não existem caminhos directos e lineares do ponto em que nos encontramos rumo ao destino. Grandes mudanças exigem tempo, foco mental e trabalho diário.
Mais, muitas vezes podemos dar por nós a regressar a hábitos antigos antes de conseguirmos efectivamente adotar novos hábitos.
9 | Cuidarmos de nós
Ainda no que concerne aos aspetos intra-individuais, devemos investir no auto-cuidado – quanto melhor nos sentirmos connosco, física e mentalmente, mais preparados estaremos para nos envolver activamente na conquista dos nossos objectivos.
Neste âmbito, vale a pena lembrar que o auto-cuidado envolve cinco dimensões:
• Física – Compreende a prática de exercício físico, uma boa higiene de sono, cuidados com a alimentação, entre outros aspectos.
• Intelectual – Gosto pela aprendizagem e conhecimento.
• Social – Investimento no mundo relacional e estabelecimento de uma rede social de suporte de qualidade.
• Emocional – Passa por ter consciência das emoções e sentimentos, praticar a compaixão e estar apto a lidar com fatores de stress.
• Espiritual – Não necessariamente conotado com religiosidade, remete, antes, para o investimento em actividades que contenham um retorno espiritual, e que podem ser tão simples como ir ao teatro ou ao cinema.
10 | Mindfulness
Também a adopção de uma atitude e postura mais mindful no quotidiano poderá dar um forte contributo para o sucesso.
Em concreto, treinar a capacidade de auto-observação sem crítica e com aceitação, retirando aprendizagem do que se sente, pensa e faz, ao invés de adotar uma atitude critica e de julgamento rápido.
Deste modo, conseguiremos gerir melhor as emoções, aumentar o auto-conhecimento e, consequentemente, definir objectivos mais adequados e manter um maior foco nos mesmos.
11 | Praticar a gratidão
As investigações têm demonstrado que quem exercita diariamente a gratidão experiência mais emoções positivas e alcança mais objetivos pessoais.
Um exercício que pode ajudar a alimentar este sentido de gratidão é retirar um momento no final de cada dia e anotar motivos pelos quais nos sentimos gratos nesse dia. Pode ser tão simples como ter encontrado alguém que não víamos há algum tempo ou ter comido uma refeição de que se gosta.
Felizes realizações!
PERSPECTIVA
ESTRATÉGIA
RESILIÊNCIA
Rita Fonseca de Castro
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